Alguns pais de hoje que já curtiram uma baladinha nessa década falam com espanto das baladas, mas será que elas eram tão diferentes assim? A verdade é que não! Nessa época, auge da disco music, as casas noturnas estavam começando a dar os primeiros passos para as baladas como elas são hoje: um forte show de luzes dando destaque à pista e também a presença de um DJ agitando a galera. O que mais chama a atenção no entanto, era a mentalidade do público da época. A busca pelo prazer, chamada de hedonismo, era a forma de os jovens se manifestarem contra a caretice e repressão do regime militar. As noites eram embaladas por sexo drogas, disco e soul music – só faltou o rock and roll. Jovens de todas as classes sociais se reuniam nas boates mais populares, quer fossem negros, quer fossem brancos, gays ou héteros e todos curtiam como se o dia seguinte não fosse existir. Tudo motivava quem estava lá a se jogar na pista, e a bebida da época era a cuba libre – a predileta de muitos. Elas existem desde o princípio do século e são muito importantes para alimentar o cenário musical atual.
Hoje demos à palavra um novo sentido, que diga-se de passagem é bem mais interessante. A balada é uma etapa importante para a vida do jovem. “Onde já se viu, essas meninas soltas pela rua, de madrugada, com sainhas curtinhas? E esses rapazes bebendo como mortos de sede no deserto?? Esse mundo está mesmo perdido…dizem os pais de hoje”
Balada dá a esperteza que precisamos para estarmos mergulhados neste mundo às avessas. O que seria de nós sem os beijos noturnos, sem os abraços quentes, sem as músicas estourando os tímpanos?
É na balada que descarregamos nossos cansaços, nossos desgostos, nossa falta de bom senso. Na madrugada fria nos aquecemos e na quente pegamos fogo. É o nosso momento mais jovem. Como o mundo está em constante transformação, estamos ganhando responsabilidades cada vez mais cedo, temos uma vida de pseudo adultos e não de jovens. Descontrair para nos tornarmos normais, para sermos jovens de fato.
Você já parou para observar como um jovem que não vai às baladas é um ser a parte do mundo? Ele simplesmente não pode ser considerado normal, deve ouvir Nelson Ned e Angela Maria e ler Sabrina antes de dormir. É o tipo de gente que vê gnomos e morre de medo de bruxas. É um ser quase sempre excluído, o laranja da turma, o zé-tontão. E a primeira balada de alguém assim é uma perdição. Eles querem beber de tudo, dançar com todo mundo e catar qualquer coisa, só para acordar dizendo que beijou na boca.
Estar na balada é bem mais do que sair para se divertir. É curtir os amigos, conhecer pessoas, esbarrar no amor, ser livre por um instante fazendo algo que agrade, deixar a música levar o corpo para um estágio de prazer. O que nunca pode faltar é alegria e responsabilidade. Um bom baladeiro tem direitos e deveres, e deve exigir e cumprir todos eles.
Você chega, mede o ambiente, mira um alvo, toma uma bebida que seja suficiente para você, vai para pista, dança, dança, dança…até que o alvo esbarra no seu ombro e como quem não quer nada, pede aquela desculpa esfarrapada, e basta para você conversar horas a fio, beijar muito na boca e ser feliz pela noite toda. Se rolar a troca de telefones você irá passar a semana inteira esperando o telefone tocar ou irá fazê-lo para não ter que esperar. Mas se foi só aquele momento e nada mais, você terá aprendido alguma coisa com aquele alguém, que usará na próxima balada.
Mas… e se eu não beijar ninguém? Confesso que acho bem melhor não beber nada, mas se você não beijar e daí? Virão outras baladas e um dia, quem sabe, você não esbarre em alguém que também precisa de companhia.
Balada é refúgio do jovem, é a busca da felicidade que esteve oculta durante a dia todo.
E vamos às nossas definições:
Música dançante tocando altamente, para turbinar o sangue. Beijo na boca Pop, eletrônica. Diversão garantida e prazeres vividos. Adrenalina, corpo pegando fogo. O básico, essencial.
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